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Não Danifique Os Sinais

Diógenes Moura, Escritor | Curador de Fotografia | Editor
Período: de março de 2020 - Atualmente
Primeiro Andar

O Homem pelo Homem

A ganância, o fanatismo, o poder. É desse jeito que se faz uma guerra, ou todas as guerras. Diante da explosão seguida de gritos de dor e destruição, desde aquele julho de 1914 (e desde que a humanidade existe) até os dias de hoje, vivemos em discórdia. Mesmo aqui no Brasil, onde se costuma afirmar que somos um povo pacífico, mais de 200 pessoas são assassinadas diariamente, onde 75% desse número impensável são pessoas negras. Mulheres são mutiladas sem piedade um dia após o outro. Pessoas trans são escorraçadas de suas vidas, desde sempre. Para amenizar tudo isso, damos um jeito de inventar uma saída, uma desculpa qualquer, burlar alguma lei. Para amenizar o “invisível” despenhadeiro, e como somos muito alegres, temos também o Carnaval, o trio elétrico, a escola de samba, a rainha da bateria, a fé em Deus, o futebol que, bem distante dos livros, é a paixão nacional. NÃO DANIFIQUE OS SINAIS abre os olhos, a partir do acervo do Museu da Fotografia Fortaleza – MFF, para rever os fotógrafos que vivem em busca dessas trágicas verdades. Tanto na natureza do homem quanto na natureza da terra.

Do fim do mundo que foi a lama de Mariana, até os homens saúvas de Serra Pelada. Dos coturnos da ditadura (até hoje não resolvida, como a Lei Áurea) em solo nacional, ordem e progresso, até o bando enfeitado de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, terra adentro, sol a pino, mito de perfil cinematográfico, herança ancestral, as cabeças degoladas no altar. Tudo é guerra. Não importa em que parte do mundo, lá ou aqui, o sangue que corre é o mesmo. Todas as imagens que aqui estão merecem muito mais que dois minutos de contemplação. Cada uma delas nos pertence. Em cada uma delas estamos nós.