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O Olhar Não Vê. O Olhar Enxerga.

Diógenes Moura, Escritor | Curador de Fotografia | Editor
Período: de março de 2020 - Atualmente
Piso Térreo

A Liquidez do Papel em Branco

Um retrato não é uma fotografia. É apenas um instante dentro da imagem. Cidades, transeuntes, a garganta das coisas também não são apenas fotografias. São instantes dentro de outras imagens. Uma fotografia, não é como uma pintura, também não é como um desenho. O instante, dentro da fotografia, torna-se refém da imagem. Será possível senti-lo respirar se a fotografia-imagem for verdadeira, absorta, honesta e generosa com o tempo “guardado” dentro de cada uma delas. Sem esse tempo, não existimos. É ele quem comprova a nossa matéria. Por isso, a fotografia apenas já não basta. A imagem, sim, será sempre um segredo. O OLHAR NÃO VÊ. O OLHAR ENXERGA trata desses sentidos a partir de uma minuciosa seleção feita no acervo do Museu da Fotografia Fortaleza – MFF. Esse exercício, linha tênue, matéria no campo do etéreo, requer dois tempos: um para ver, outro para enxergar. Ver fotografias será sempre um mistério. Possuí-las, mais ainda. Exige dentro-fora, silêncio, um cérebro descansado, sedução.

Um tempo que vai, estaciona na imagem e ultrapassa. Imagens não são apenas um observatório à disposição do olhar, do transeunte apressado. Existe algo suspenso entre um e outro. Apenas a beleza não funciona mais. Ou estamos à beira diante de cada imagem, percebendo a tessitura entre ver e sentir, ou será melhor a liquidez do papel em branco.

Diógenes Moura
Escritor | Curador de Fotografia | Editor
Período: de março de 2020 - Atualmente